Do lado esquerdo temos uma notícia, publicada a cinco dias das eleições autárquicas, avaliando as possibilidades de resultados nessas eleições do maior partido da oposição, o PSD. A figura da notícia é evidentemente, o líder do partido, Rui Rio. E suscitou até agora 5 comentários. Para comparar, temos uma outra notícia, essa aborda a sanção a uma investigadora, Raquel Varela, que aparece muito na televisão, e que terá perdido uma bolsa por se ter descoberto que o currículo que apresenta a esses concursos está martelado. Esta outra notícia recebeu até agora 141 comentários. Parece-me instrutivo. Não apenas do tema de conversa que interessará as pessoas comentar. É que Rui Rio e Raquel Varela fazem ambos parte daquilo que poderemos designar em estatuto mediático do clube dos antipáticos. Mas a diferença aqui parece-me estar no que está por detrás do estilo: haverá muitas críticas a apontar a Rui Rio, mas são de estilo (há quem diga que ele ficou nos anos 90) e não substantivas; pelo contrário, Raquel Varela, aquilo é tudo atitude, sem qualquer consistência, veja-se o que, já de há anos, eu tenho vindo a comentar a respeito de como fundamenta o que opina - (1) (2) (3) (4). Não é apenas a antipatia de Raquel Varela que suscita tais anticorpos.
Adenda: Uma das facções das redes sociais transferiu a discussão do episódio do CV criativo de Raquel Varela para o facto da notícia dada pelo Público ser uma retaliação contra uma iniciativa da visada. Sim, é possível que seja verdade, mas uma coisa não anula a outra. As baixas intenções do denunciante não invalidam a verdade da denúncia. Tornou-se célebre a transição do Público, que só começou a criticar José Sócrates a partir do momento em que este último começou a bloquear os esforços de Belmiro de Azevedo para efectuar uma rocambolesca OPA sobre a PT, e isso não obsta a que socialmente se tenha que reconhecer actualmente que José Sócrates é um refinadíssimo escroque, mau grado as dificuldades demonstradas pelo MP de o conseguir vir a provar em tribunal. Com Raquel Varela não se chega a esse extremo criminal, mas, como acima pretendo demonstrar, de há muito se percebia que a senhora era um bluff do nosso firmamento mediático, aconchegada por aquela indulgência bem portuguesa para com a mediocridade científica. Abundavam os indícios. Que seja preciso que alguns factos - episódios que já deviam ser conhecidos de há tempos nos meios académicos - sejam publicados num jornal para que haja uma consciência mais alargada do estilo trapalhão da historiadora diz-nos muito mais sobre as nossas insuficiências do que sobre as intenções inconfessáveis dos jornalistas. Estas últimas são como o sonho da Pedra Filosofal de António Gedeão: uma constante da vida.
Agradecia que o autor do comentário se identificasse de alguma forma.
ResponderEliminar