8 de Setembro de 1961, Sexta-Feira. O presidente de Gaulle sofre um atentado quando viajava ao princípio da noite (22 horas) para a sua residência particular de Colombey-les-deux-Églises onde iria passar o fim de semana. Uma bomba telecomandada detonou à passagem do Citroen DS presidencial, provocando um incêndio na estrada que a viatura atravessou aceleradamente causando-lhe apenas estragos mínimos, como aparece relatado acima, à direita, na edição do Diário de Lisboa do dia seguinte (dada a hora tardia a que o atentado teve lugar). Curiosamente, aquele mesmo Diário de Lisboa, na sua edição do dia anterior (que fora o dia do próprio atentado), fazia eco das opiniões críticas à conduta do presidente em relação à Argélia, através de um artigo que fora publicado pelo seu correspondente em Paris no diário conservador britânico Daily Mail. Nesse artigo, o jornalista considerava Charles de Gaulle isolado na sua intenção de sair da Argélia o mais depressa possível, conforme anunciara na sua conferência de imprensa de dia 5 de Setembro, conforme se constata acima, do lado esquerdo. O anúncio, obviamente, não fora muito bem acolhido em Lisboa.
O atentado parecia assim ser uma confirmação do diagnóstico do correspondente britânico. Por causa da questão argelina o presidente de Gaulle passara a ter a cabeça a prémio. Este será apenas o primeiro de uma série de atentados, alguns previstos, mas não concretizados (23 de Maio de 1962, por um franco atirador, 15 de Agosto de 1964, uma bomba), outro concretizado a 22 de Agosto de 1962, que já foi objecto de comentário neste blogue. Foi há 60 anos, mas considerar que o chefe de Estado de um país como a França teria hoje a cabeça a prémio como a teve de Gaulle é qualquer coisa de impensável.
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