4 de Setembro de 1951. A estreptomicina era, à época, um antibiótico de descoberta relativamente recente (em 1943, nos Estados Unidos) e que se revelara particularmente eficaz contra a tuberculose. Como se pode ler mais abaixo na notícia, o destino da estreptomicina traficada era Espanha. Uma curiosidade adicional que aparece no final da notícia é a referência ao «director dos Serviços de Fiscalização», o capitão Silva Pais, que, na década seguinte e já então como major, se celebrizará à frente da PIDE.
Nos dias que seguiram, o caso do tráfico - que era mais contrabando... - para Espanha de estreptomicina foi desenvolvido em sucessivas notícias. Como se se tratasse de uma rusga ao Bairro Alto, os detalhes do crime incidiam sobre a conduta das prostitutas - no caso, as redes de contrabando e a forma como se angariava o produto - mas não diziam nada a respeito dos clientes - em Espanha. Que se passava para que a estreptomicina, que era relativamente fácil de obter em Portugal, era difícil de obter em Espanha? A razão radicava no isolamento diplomático - mas também comercial - a que a Espanha franquista fora votada depois da Segunda Guerra Mundial, como antiga aliada do Eixo. Daí a discrepância de preços de um e outro lado da fronteira. Mas, mesmo que algum jornalista lá chegasse, sobre isso não se falaria, nem no Diário de Lisboa, nem em qualquer outro jornal...
Sem comentários:
Enviar um comentário