Joe Biden proferiu o seu primeiro discurso como presidente na assembleia geral da ONU. E, pelos vistos, e a atender ao vídeo acima, a gaffe mais embaraçosa que os seus oponentes políticos domésticos lhe descobriram - o elefante da legenda denuncia a origem republicana do comentário - foi o facto de ter trocado as Nações Unidas com os Estados Unidos numa das passagens do seu discurso. Pode querer fazer-se o estardalhaço mediático que se quiser com o caso, mas como é que isto pode ser comparado com o famoso discurso do seu antecessor Donald Trump de há três anos, que deixou a audiência dessa mesma assembleia a rir-se, tal o despropósito dos auto-elogios?... Convém, em primeiro lugar, colocar estes discursos na devida perspectiva: normalmente, ninguém se lembra do conteúdo dos discursos (veja-se o que aconteceu ao de Donald Trump o ano passado)... a não ser que na ocasião se transformem numa paródia ligeira, como aconteceu em Setembro de 2018 com Trump.
Vale a pena evocar os dois episódios em conjunto, quando, por cá, há uma galeria de comentadores à direita que passaram cerca de quatro anos e meio a evitar referirem-se directamente às acções e afirmações do presidente dos Estados Unidos. Criticavam quem criticava Donald Trump, mas raramente o defenderam directamente, já que uma apreciável quantidade daquilo que ele fazia e dizia parecia completamente indefensável. Assim, o expediente deles foi, durante muito tempo, falar de tudo aquilo que rodeava a Casa Branca excepto da conduta do seu titular. Mas progressivamente, já que estas inflexões se fazem subtilmente e Joe Biden já ocupa o cargo há oito meses, toda aquela galeria de comentadores que não teve nada a dizer da conduta do presidente dos Estados Unidos entre Janeiro de 2017 e Janeiro de 2021, está a redescobrir gradual e milagrosamente os lapsos das políticas da administração norte-americana e as consequências disso em termos de popularidade doméstica.
Ao ouvir Trump agora parecem ainda mais inacreditáveis a sua eleição, os anos que passou como Presidente, o que dizia, e o seu fim. Espantoso.
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