29 julho 2021

JÁ AGORA, E PARA ESCLARECER (AQUILO QUE O PRÓPRIO DEVIA TER FEITO)

A edição de hoje do Público contém o editorial acima, dedicado à questão da (não) declaração do luto nacional por ocasião do falecimento de Otelo Saraiva de Carvalho e da forma habilidosa como tanto presidente como primeiro-ministro contornaram politicamente a questão. Uma questão que, na opinião de Amílcar Correia que assina o editorial, já se pusera anteriormente quando das mortes de Salgueiro Maia e Melo Antunes. O critério dos capitães de Abril seleccionados foi dele (porque não Vítor Alves e Marques Júnior? Ou Jaime Neves?), mas não é disso que aqui quero falar. A páginas tantas, e depois de um pertinente esclarecimento que a decisão de decretar luto nacional compete ao governo e não ao presidente, o texto contém uma passagem crítica pelos critérios erráticos que levaram a conferir tal distinção à irmã Lúcia e a D. José Policarpo, a Hassan II de Marrocos e ao imperador Hirohito do Japão. Na minha modesta opinião, não se teria perdido nada se Amílcar Correia, mesmo que fosse em nota de rodapé, identificasse, um por um, os primeiros ministros responsáveis por tais decisões. Faço-o eu, só para esclarecer, e pela ordem cronológica que o texto não respeita. O luto nacional pelo imperador Hirohito foi decretado por um governo de Cavaco Silva (Janeiro de 1989); o pelo rei Hassan II de Marrocos foi pelo primeiro governo de António Guterres (Julho de 1999); o pela irmã Lúcia foi decretado pelo governo (já demissionário) de Pedro Santana Lopes (Fevereiro de 2005); e o pelo cardeal patriarca D, José Policarpo foi da responsabilidade do governo de Pedro Passos Coelho (Março de 2014). Os exemplos evocados têm «uma coerência sui generis» (nas palavras do próprio editorialista) talvez porque foram decretados por governos de «uma coerência sui generis», digo eu, não sei.

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