11 julho 2021

COMO SE NOTICIAVAM OS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS HÁ CEM ANOS

A 10 de Julho de 1921 houvera eleições legislativas em Portugal. Elegiam-se os 163 deputados e os 74 senadores que compunham o parlamento bicameral. Os jornais do dia seguinte - de há precisamente 100 anos - publicavam uma primeira panorâmica do que teria sido o desfecho. Em contraste com o que hoje acontece, as notícias do escrutínio atribuem o ênfase à identidade dos eleitos, descartando os números de votos, que eram irrisórios por sinal, considerando o que acontece na actualidade. Exemplo: Afonso Costa recebera no círculo de Lisboa Oriental 4089 votos, menos 336 dos que recebera nas eleições de 1919; por seu lado e ainda nesse mesmo círculo, Tomé de Barros Queiroz, o então primeiro ministro em exercício, recebera 2186 votos, uma subida de 1643 votos. Mas na maioria dos círculos eleitorais, a informação prestada era a identificação dos eleitos. Exemplo: em Guimarães haviam sido eleitos António de Carvalho Mourão, liberal; dr. Domingos Soares, liberal; Miguel Ferreira, dissidente; e Oliveira Salazar, católico (...). O que faria um beirão, a leccionar na universidade de Coimbra, a apresentar-se por um círculo minhoto? Mais do que uma pergunta pertinente, é uma pista sobre a falta de consistência dos candidatos em relação aos locais pelos quais se apresentavam. No computo global, o jornal já antecipava qual teria sido o desfecho das eleições: uma maioria «muito débil» dos governamentais (liberais). Mesmo assim, havia a expectativa que a direita republicana poderia ocupar o poder alternando com o partido democrático, pondo assim fim à hegemonia deste. Uma expectativa que não se iria concretizar.

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