A 24 de Junho passado, portanto há pouco mais de um mês, um condomínio de luxo em Miami, na Florida, Estados Unidos, colapsou a meio da noite. Durante dias foi um dos assuntos a dominar a actualidade noticiosa mundial. Não vale a pena tornar a detalhá-lo, apenas relembrar o que então se escreveu sobre o número de vítimas, a grande maioria das quais haviam desaparecido debaixo do entulho. Os números que se publicavam cinco dias depois da catástrofe (notícia da esquerda acima), portanto já consolidados depois da confusão inicial, apontavam para um numero parco de cadáveres encontrados até aí (12), mas também para um número muito mais substancial de desaparecidos (149). Portanto, tudo apontaria para uma expectativa de vítimas a rondar as 160, se não se registassem aqueles casos milagrosos de sobreviventes entre os destroços. Infelizmente, não os houve. Ontem, a identificação da última vítima (notícia da direita), depois de uma prolongada e cuidadosa remoção dos escombros, pareceu pôr termo ao ciclo noticioso a respeito do acidente. Todavia, a questão chocante, que é tratada como um detalhe de que a comunicação social não tem que prestar contas ao público, é que o número de vítimas se ficou por um pouco menos da centena (98)! Por muito trágico que tenha sido o número de vítimas provocadas pelo colapso do edifício, alguém se havia enganado escabrosamente ali. Empolamentos de mais de 60% são relevantes em quaisquer circunstâncias e não apenas naquelas que não questionem a (in)competência dos jornalistas. (Outra hipótese, desagradável de alvitrar sequer, é que a incompetência seja de outros e subsistam 60 cadáveres por debaixo dos destroços em consequência da negligência do trabalho dos bombeiros...)
Caro A.Teixeira,
ResponderEliminarEu lembro-me que as primeiras estimativas da magnitude do ataque terrorista de 11-09-2001 apontavam para numeros bem a norte de 5000.
A Wikipedia aloca hoje 27-07-2021, 2977 vitimas mortais a este ataque terrorista. 2751 foram resultados imediato, "vitimas agudas", cunhemos assim, do ataque sendo que a diferenca e composta por "vitimas cronicas" de doencas associadas com a pluma de po toxico gerada pela derrocada dos edificios.
Caro Lowlander
ResponderEliminarEu também me lembro dessas estimativas que, salvo erro, começaram por "orçar" pelos 10.000 mortos, que é um número "redondinho". A prática é antiga, o que se passa é que os blogues ainda não eram moda em 2001.
Acrescente-se também que os blogues ainda não eram prática consagrada em 2004, quando do «tsunami», quando o fenómeno noticioso foi precisamente o inverso - começou por não haver um registo substancial de vítimas... até as haver.
De diferente, o facto de os primeiros acontecimentos terem ocorrido nos Estados Unidos e (alguns) à frente das câmaras, e de os segundos terem ocorrido... noutros sítios "menos civilizados". Aliás, a dominante noticiosa neste último caso era o que havia acontecido aos turistas.