29 julho 2021

COMO SE CHEGAVA A CONSEGUIR «NOTICIAR» UM CASAMENTO

29 de Julho de 1981. Tinha lugar em Londres o casamento de Carlos, o príncipe herdeiro, com Diana. O verdadeiro acontecimento glamoroso por excelência, que é transmitido em directo pelas televisões de quase todo o mundo, uma audiência potencial estimada na época em 750 milhões de espectadores. Mas a efeméride que quero evocar não é propriamente o casamento, nem sequer o facto de ter sido uma das transmissões de televisão mais globalizadas até aquela altura. Onde vale a pena pôr os olhos, para recordar, é no tratamento jornalístico que o Diário de Lisboa conseguiu dar ao acontecimento... Mesmo tendo-o colocado nas página centrais, é impressionante o esforço a que eles se deram para ir recolher os detalhes mais negativos e os depoimentos mais antipáticos a respeito do casamento: «Bandeiras negras em Belfast», «Explosivos em Buckhingam?» são os subtítulos escolhidos que sintetizam a animosidade da prosa que cobria, lembremo-lo,... um casamento, por muito que lá na redacção antipatizassem com os noivos. Que desagradáveis, que abutres ideológicos! Depois do 25 de Abril, o Diário de Lisboa tornara-se num jornal progressivamente mais faccioso (comunista) mas, por esta altura (1981), quando nos deparávamos com coberturas destas, percebíamos que já se tornara numa merda de um jornal faccioso. Nem a militância podia justificar coisas destas!

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