19 maio 2021

UMA LISTA COM A «NATA» DOS MONÁRQUICOS PORTUGUESES

Lisboa, 19 de Maio de 1951. A notícia da última página é a da celebração de uma «missa em acção de graças, pedindo as melhoras para os duques de Bragança». Os duques, Duarte Nuno (43 anos) e Maria Francisca (36), haviam sido protagonistas, três dias antes, de um acidente de automóvel em Thionville, no norte de França, mesmo junto à fronteira com o Luxemburgo, quando regressavam do casamento do arquiduque Otão de Habsburgo que tivera lugar em Nancy (o arquiduque era o pretendente aos tronos da Áustria e da Hungria). O acidente que vitimara o casal de pretendentes ao trono português revestira-se de algum grau de seriedade: o duque tivera mesmo que ser operado de urgência por causa de uma fractura craniana. A missa era certamente um gesto pio, mas também não era desprovido de significado político. No ano anterior, a Assembleia Nacional portuguesa revogara a Lei do Banimento que, desde 1834, proibia a presença dos descendentes de D. Miguel em território português. O gesto não fora interpretado como o reconhecimento de que a causa monárquica (absolutista) deixara de ser uma ameaça para o regime republicano. Pelo contrário, a explicação mais aceite era que, considerada a idade provecta (80 anos!) do chefe de Estado Óscar Carmona, o chefe de Governo, Oliveira Salazar, não se quereria descartar da hipótese de uma eventual restauração monárquica. Ora, como aqui se assinalou, em 18 de Abril de 1951 morrera Óscar Carmona. Esta seria uma ocasião única para que os monárquicos portugueses promovessem a sua causa, fossem quais fossem as circunstâncias, mesmo um infortunado acidente de viação. A notícia de há 70 anos contém uma relação de participantes na missa que constituíam, à época, a «nata» residente na capital da causa da restauração monárquica para Portugal.

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