Na verdade, a tese de que a armada de Pedro Álvares Cabral não terá sido a primeira expedição europeia a atingir o Brasil tem muitas décadas de antiguidade e hoje é acolhida quase consensualmente pelos historiadores. Não existem provas irrefutáveis de que outros descobridores precederam Cabral mas existem múltiplos indícios de que assim fora. Havendo um consenso de que não foi Cabral, existe uma grande controvérsia é à volta da nacionalidade dos que o precederam: franceses, espanhóis e também outros portugueses. Mais do que isso, este último cenário (o de que a descoberta do Brasil havia sido feita por outros portugueses que precederam Cabral) já era ensinado em Portugal há 50 anos. Eu aprendi assim e ainda me lembro que um indício e argumento forte em prol dessa pré-descoberta foi a insistência do rei português (João II) em empurrar para Oeste o meridiano delimitador da áreas de influência portuguesa e castelhana das 100 milhas a Oeste de Cabo Verde (proposta de 1493) para as 370 milhas que ficaram acordadas no Tratado de Tordesilhas (1494). Portanto se, como se escreve no subtítulo, isto era um «facto sobre a História de Portugal que a maioria desconhece», o »desconhecimento» só se deverá ao facto de que essa «maioria» (e essa maioria incluirá o(a) autor(a) da notícia acima...) não se deve interessar minimamente pelo assunto da verdadeira identidade do descobridor do Brasil... O que me leva a levantar a questão se essa grande dúvida histórica passará a ser interessante só porque José Gomes Ferreira foi ventilá-la para um programa de entretenimento (Casa Feliz, com João Baião) da SIC... Estou firmemente convencido que não, mas constato que José Gomes Ferreira é um homem que se revela cada vez mais polifacetado - já o vi a fazer-se passar por comandante dos bombeiros, por engenheiro civil, à economia trata-a por tu, agora deu-lhe para ser historiador...
Adenda de 27 de Maio: Porque agora se foi meter com a sua classe, houve um par de historiadores que produziu uma análise ao livro Factos Escondidos da História de Portugal. São quase quarenta minutos a zurzir, tanto na obra como no autor, como, sobretudo, na metodologia e na abordagem científica de José Gomes Ferreira. Possivelmente os dois autores da análise só o descobriram agora, mas as insuficiências do autor não eram um facto escondido do panorama mediático português.
A História está na moda. Por isso é aproveitar "os mercados".
ResponderEliminarTenhamos paciência, que ainda não perdi a esperança de ver o homem a comentar jogos de futebol ou como apresentador de um programa sobre agricultura.
ResponderEliminarO grande problema é que José Gomes Ferreira faz aquilo tudo mas é medíocre em tudo aquilo que faz. Assim, não há como lhe recomendar uma área em que se especialize.
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