5 de Outubro de 1918. Morte em combate aéreo, sobre a Frente Ocidental, do piloto francês Roland Garros (1888-1918). No dia seguinte teria sido o seu 30º aniversário... Desde o principio da Guerra que se percebera que Garros teria sido um melhor objecto de propaganda do que um efectivo piloto de combate como ele desejou ser. Já em 1914, ele seria uma personagem a preservar do desgaste da frente de combate, porque adquirira uma reputação como aviador de referência, ao estabelecer dois records de altitude em 1911 e 1912 e, sobretudo, quando em 1913 fora o primeiro aviador a fazer a ligação entre o Sul de França e o Norte da África francesa (foto acima). Foi um aviador dos primeiros meses de guerra, preocupado com a questão de equipar as aeronaves com uma potência de fogo que lhes permitisse abater as suas congéneres inimigas e, sobretudo, a questão mais prática de conseguir que essa potência de fogo se pudesse exprimir sem danificar os hélices do seu próprio avião.
Roland Garros encontrou uma solução adaptada para o problema, mas foi capturado cedo demais (18 de Abril de 1915) para capitalizar militarmente - em aviões inimigos abatidos - com o seu dispositivo. A solução técnica que acabou por prevalecer foi uma outra, completamente distinta da de Garros. Este ficou prisioneiro por quase três anos, até conseguir evadir-se em Fevereiro de 1918 em companhia de um outro piloto aviador, Anselme Marchal (1882-1921). Na fotografia acima podemos vê-los aos dois a serem condecorados em 1918 por essa proeza. Mas a guerra aérea a que Roland Garros pretendia agora novamente regressar já não tinha nada a ver com aquela em que ele participara três anos antes. Mais do que a questão do poder de fogo que tanto o preocupara em 1915, o que mais evoluíra nos anos em que estivera prisioneiro fora o design e a manobrabilidade dos aviões e a potência dos motores.
Roland Garros teve que reaprender a pilotar as novas aeronaves. Também as tácticas de combate haviam evoluído muito. Num terceiro aspecto, esse mais pessoal, Garros teve que passar a usar óculos, por causa da miopia. Mas, continuava a ser uma personagem de referência da aviação francesa, a que se acrescentava o feito da evasão, como se percebe pela capa acima da revista ilustrada Le Miroir de 1918 em que aparece em conjunto com o ás dos ases francês René Fonck (1894-1953). Em 2 de Outubro de 1918, quando os exércitos alemães já estavam a ceder praticamente em toda a Frente Ocidental, Roland Garros ainda conseguiu alcançar a sua última vitória aérea confirmada. Há precisamente cem anos, acabou-se-lhe a sorte. Actualmente, o nome de Roland Garros continua a possuir ressonância, mas por causa do nome do estádio onde se disputam as partidas do Open de França em ténis.
Em 1969, a revista juvenil Tintin, publicava uma pequena história a seu respeito, mas concentrando-se no episódio das suas pesquisas para que uma metralhadora pudesse ser disparada sem danificar os hélices do avião.
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