Todos os anos isto acontece em Outubro e todos os anos não deixo de me surpreender. O calendário das comunicações do nome dos galardoados começa pelas categorias científicas (Medicina, Física e Química) e esses três dias são dias de folguedo para os nossos especialistas em tudologia, uma classe de profissionais que não se esgota no mosaico abaixo (estou a pensar nomeadamente em João Miguel Tavares e a malta do Governo Sombra, em Pedro Marques Lopes & Co...). E durante esses três dias comprova-se, através da comunicação social e como aliás já aqui escrevi, que «a ciência da opinião é muito diferente da opinião sobre a ciência». Parafraseando o título acima do Observador, se este ano se regista «a ausência da Literatura», todos os anos e no mundo da tudologia, há uma ausência dos prémios das categorias científicas. Ninguém, nem mesmo o corajoso Miguel Sousa Tavares, acha coisa nenhuma... Apesar da abrangência da designação tudologia e da segurança demonstrada à frente das câmaras, revela-se que a tudologia não é afinal uma disciplina assim tão total. Hoje foi o dia da atribuição do Nobel da Física e antecipa-se um silêncio colectivo cúmplice, que isto dos lasers pode ser traiçoeiramente complexo... Ainda falta o da Química antes de as coisas animarem com o da Paz, categoria para a qual, qual ressurreição pascal, todos já têm opinião, embora este ano a ausência do da Literatura retire a emoção ao momento em que, entre tudólogos, se costuma fazer a triagem entre os cultos e os outros, aqueles que têm que ir à wikipedia descobrir que livros é que o premiado escreveu e se algum está traduzido em português.
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