11 de Outubro de 1970. Soldados franceses de uma coluna que patrulhava o norte do Chade, são emboscados por um forte contingente de guerrilheiros da Frolinat. A Frente de Libertação Nacional do Chade (Frolinat) formara-se em 1966 e combatia o governo central chadiano que se constituíra na sequência da concessão da independência ao Chade em Agosto de 1960. Em 1968, dois anos após o início da revolta, havia sido a pedido da presidência chadiana que os militares franceses haviam sido chamados a intervir no norte do país, região de onde a guerrilha rebelde praticamente expulsara o exército chadiano. O destacamento francês era pequeno, situava-se na ordem do milhar de efectivos (talvez um pouco mais), a versão oficial é que estavam sobretudo a instruir o novo exército chadiano, mas, para todos os efeitos, tratava-se de uma nova guerra contra-subversiva, num meio ambiente - o deserto - que os franceses tão bem haviam conhecido quando da Guerra da Argélia.
Apenas o quadro político mudara e adquirira uma outra legitimação: era o próprio país que pedia o auxílio da antiga potência colonial. E isso parecia legitimar tudo. A emboscada de há 48 anos foi uma acção importante: nela, os paraquedistas franceses perderam 11 mortos e tiveram 16 feridos, o que constituía um balanço pesado, apesar das baixas infligidas ao inimigo. E nada melhor que os portugueses para o avaliarem, que nas suas três guerra em África se deparavam com alguma frequência com situações semelhantes. A acentuar a semelhança, as imagens abaixo dos soldados franceses envergando camuflados quase idênticos aos das nossas tropas (ou talvez ao contrário, que em muitos aspectos fomos nós que os copiámos da Argélia). Mas havia uma diferença substantiva para o que acontecia em Portugal: o assunto era notícia no telejornal do dia seguinte e um deputado da oposição (François Mitterrand) pretendia interpelar o governo a respeito do que acontecera. Só damos o devido valor à Democracia depois de nos apercebermos do que é não a ter...
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