30 outubro 2018

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 1938

30 de Outubro de 1938 foi dia de eleições legislativas em Portugal. Não que houvesse emoção, que as listas concorrentes eram apenas uma, a da União Nacional que, como as noticias do dia seguinte davam conta, venceu com 83,8% dos votos. Mas os 670 mil votos meticulosamente registados pelos escrutinadores não podem esconder uma fraqueza congénita do acto eleitoral: a participação cívica. É que, em relação aos sete milhões e meio de portugueses de então, a participação representava menos de 10% da população portuguesa. Quando comparado esse indicador com o que acontecia nos outros países europeus, a imagem do nosso país empalidecia. Para comparação, nas últimas eleições espanholas, realizadas em 1936, alguns meses antes do início da Guerra Civil, quase nove milhões e meio de espanhóis haviam ido votar, o que correspondia a 38% da população espanhola. Poder-se-ia mesmo assim argumentar que a possibilidade de escolha incentivaria a participação cívica, não fosse o que acontecia na Itália e na Alemanha, onde as eleições tinham a mesma emoção que as portuguesas, mas onde, mesmo assim, a participação nos actos eleitorais era substancialmente mais elevada: fora de 24% na Itália em 1934 e de 66% (!) numa eficientíssima Alemanha, nesse mesmo ano de 1938. Não que nas ditaduras o desfecho das eleições possa estar em disputa, mas está sempre em avaliação a dimensão que se pode dar ao unanimismo.

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