23 outubro 2018

A ESTREIA DOS «SCHTROUMPFS»

23 de Outubro de 1958. No número 1071 da Spirou, uma revista semanal belga de BD, aparecem pela primeira vez os schtroumpfs. As simpáticas criaturas azuis completam hoje 60 anos, o que não é nada para quem conheça o seu universo: os schtroumpfs tem todos largas décadas de idade, aquilo que confere, por exemplo, ao Grande Schtroumpf a sua autoridade de ancião são os seus 542 anos. O meu primeiro contacto com eles aconteceu quase precisamente treze anos depois, a 21 de Outubro de 1971, que foi a data da saída do primeiro número da Spirou portuguesa, que incluía uma aventura dos schtroumpfs intitulada A Schtroumpfzinha (abaixo). Recordo-me ainda que um dos momentos mais interessantes do início da história (veja-se a última prancha exibida) é o momento em que o feiticeiro Gargamel cria por artes mágicas a schtroumpfzinha, especialmente a forma como enumera os ingredientes que usa para conferir uma «natureza feminina a uma estatueta»: «Um pouco de garridice... Um pouco de espírito de decisão... Três lágrimas de crocodilo... um cérebro de pintarroxo. Pó de língua de víbora... um bocadinho de manha... um dedo de tecido de mentira, cozido com fio branco, evidentemente... um alqueire de gulodice. Um quarteirão de má-fé... um dedal de inconsciência... um traço de orgulho... um pouco de inveja... uma fatia de pieguice... uma parte de estupidez e uma parte de esperteza...» Enfim, estão lá todos os preconceitos que fariam as activistas da causa do género de agora entrar num transe de indignação! Um pouco mais a sério e na minha opinião, as histórias do schtroumpfs, apesar do seu sucesso comercial subsequente, circunscrevem-se a um nível etário limitado de leitores e não são, por isso, grandes histórias de BD. Mas talvez seja isso que faz de mim um tradicionalista férreo a seu respeito: schtroumpfs e nunca smurfs; schtroumpfzinha e não estrumpfina

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