14 de Fevereiro de 842. Dois dos pretendentes à herança dos territórios que haviam pertencido ao império de Carlos Magno, assinam um pacto que ficará conhecido pelo nome de Juramentos de Estrasburgo. O documento revestir-se-á de uma importância maior do que as circunstâncias políticas que haviam conduzido à sua elaboração. Por uma primeira vez (que se conheça) os juramentos que obriga as duas partes é bilingue, sendo uma das línguas um protofrancês que seria o idioma corrente entre os apoiantes de Carlos II, o Calvo (823-877, veja-se o mapa abaixo) e a outra um germânico renano que se depreende fosse o idioma de comunicação entre os apoiantes do meio-irmão, Luís I, o Germânico (806-876). O alvo da aliança era um terceiro irmão, o mais velho dos netos de Carlos Magno, Lotário I (795-855). Repare-se que Carlos o Calvo, então apenas com 19 anos e muito mais novo do que qualquer dos meios-irmãos (36 e 47 anos), não poderia ser mais do que o joguete de outros interesses do Ocidente mais latinizado da Europa, que, mesmo assim, conseguiram vingar. Com o Tratado de Verdun, assinado pelos três irmãos rivais um ano e meio depois (em Agosto de 843), as respectivas possessões foram definidas conforme aparecem no mapa abaixo. Mesmo numa época em que a questão das identidades nacionais, consubstanciadas em idiomas identificativos, estava muito longe de se colocar em cima das mesas de negociações, não deixa de se apontar a coincidência do traçado alcançado em Verdun repartir aquele que fora o império de Carlos Magno nas fracções que ainda agora constituem os núcleos das identidades francesa (Carlos), alemã (Luís) e italiana (Lotário). Mas também é evidente a fragilidade das possessões alcançadas por Lotário, num território que depois se veio a designar por Lotaríngia: trata-se de uma faixa de território que vai do Mar do Norte ao Mediterrâneo associando italianos com holandeses. Mas regressando a 1.176 anos atrás, percebe-se porque os Juramentos de Estrasburgo (por sinal, bem explicados na wikipedia em português), sendo um dos documentos fundadores da Europa, não é uma das etapas favoritas da construção europeia que a burocracia bruxelense goste de promover.
esta estava-me completamente apagada
ResponderEliminar