02 fevereiro 2018

A COROAÇÃO DE OTÃO, O GRANDE

2 de Fevereiro de 962. A mais conhecida cena histórica da ressurreição da coroa imperial do Ocidente no período medieval é a coroação (inesperada?) de Carlos Magno pelo papa Leão III no dia de Natal de 800. Mas esta outra coroação, que teve lugar há precisamente 1056 anos nessa mesma Basílica de São Pedro (antiga) onde a anterior tivera lugar, não lhe merece ficar atrás em notoriedade. Os sucessores de Carlos Magno não tinham estado à altura das expectativas atribuídas à recriação do ideal do soberano comum europeu, e a fraqueza progressiva dos titulares nesses 160 anos culminara até com a vacatura da dignidade desde 924, nos últimos 38 anos. Otão, então com quase 50 anos, tornara-se duque da Saxónia e rei da Germânia desde há 25 anos, conquistara mais outras regiões entretanto, e as regiões do Ocidente sobre as quais ele exercia a usa hegemonia (mapa mais abaixo, com o traçado das fronteiras actuais), não se comparando com as de Carlos Magno,...
...tornavam-no, apesar de tudo, o senhor indisputado do Ocidente e o sucessor natural do Imperador franco. O papa que coroou Otão chamava-se João XII, teria uns 25 anos, não seria um papa muito conforme os padrões actuais para os titulares daquele cargo. Quanto à coroa imperial, é a que se pode apreciar acima, hoje guardada em Viena. Se a herança da figura de Carlos Magno é compartilhável por franceses, alemães e italianos, Otão o Grande é uma figura histórica cujo percurso enfatiza a importância que ele atribuía à última palavra da designação de Sacro Império Romano Germânico. Deixou-se coroar em Roma, porque lhe dava jeito o prestígio e, aliás, estava de visita a Itália, em conquistas. Logo no ano seguinte (963), aborrecido com as intrigas dele, depôs o jovem papa. É assim que, por exemplo, passe a erudição e mesmo que já tenha transcorrido mais de um milénio, faz sentido atribuir a pessoas como Wolfgang Schäuble e a muitos que pensam como ele, uma perspectiva otónida da unidade europeia...

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