Uma fotografia tomada de cima de uma avenida de Nova Iorque por volta de 1930. Não se descortina uma única cabeça descoberta. Eram tempos em que não usar chapéu era algo de impensável, mesmo de anómalo, qualquer coisa de equivalente ao sair à rua descalço. É preciso entender esses tempos e essa pressão social para compreender melhor o desconforto de Vasco Santana quando perdeu o seu chapéu na cena abaixo d'A Canção de Lisboa (1933), assim como os seus esforços desesperados a que se dispõe para encontrar substituto para o exemplar engolido pelo elefante.
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Voltando à fotografia inicial, da autoria de uma então jovem Margaret Bourke-White (1904-1971), e à perspectiva peculiar como ela capta a paisagem, acrescente-se o quanto há vários artistas que a apreciam e ao tema dos chapéus, e se socorrem dessa composição para as suas obras. Um deles é o desenhador Morris (Maurice de Bevere, 1923-2001), cujas aventuras de Lucky Luke costumam mostrar cenas em que a cultura do Oeste é realçada pela profusão de chapéus numa perspectiva que nem deixa ver as caras dos utilizadores.
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