Se, como outrora se dizia, quando um pobre come galinha é sinal que um dos dois está doente, então, na actualidade, quando um rico a sente necessidade de exprimir publicamente as suas preocupações com ambiente, é porque se prepara para nos propor um negócio à nossa custa. José Roquette nem sequer é o primeiro que nos vem com este género de conversas, há o precedente de Patrick Monteiro de Barros, de que muito poucos haviam ouvido falar, até que um dia se descobriu que ele era um entendido em energia e especialista em recomendar-nos a energia nuclear. Esse lóbi pela construção de centrais nucleares em Portugal, que arrancou há uma dúzia de anos, e que terá sido definitivamente enterrado com o desastre de Fukushima em 2011, usou precisamente o mesmo género de argumentos que acima se podem ler a José Roquette, a começar pelas acusações ao poder político. No caso das centrais nucleares o problema era o assunto ser tabu, neste caso das de dessalinização são «os partidos que estão em estado de negação». É uma curiosidade recorrente como estes grandes próceres da iniciativa privada precisam sempre de usar a opinião publicada para concretizar negócios que só o acordo dos poderes públicos consegue concretizar. E que quem os vai bancar vamos ser nós. Ver José Roquette, esse visionário preocupado, a vir falar de dessalinização para as páginas de um jornal merece uma atitude equivalente à reacção a alguém de aspecto duvidoso que entrou na carruagem de metro em hora de ponta: mão dentro do bolso onde está a carteira...
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