16 fevereiro 2018

A INSTITUIÇÃO DO SERVIÇO DO TRABALHO OBRIGATÓRIO (STO)

16 de Fevereiro de 1943. Na França ocupada, o governo de Vichy presidido por Pierre Laval (na fotografia acima), institui o Serviço do Trabalho Obrigatório, que ficará tristemente conhecido pela sigla de STO. É uma medida que irá substituir outros processos anteriores usados pelos ocupantes para captivar trabalhadores franceses para irem trabalhar para a Alemanha. Com milhões de homens incorporados na Wehrmacht, a economia alemã acusava uma carência acentuada de mão de obra, mas da qualificada, daquela que apenas os trabalhadores dos países da Europa ocidental podiam fornecer. Os primeiros processos para engajar trabalhadores franceses haviam sido (cartazes abaixo) recorrendo ao aliciamento por melhores salários, seguido de um outro processo conhecido por «Revezamento» (La Relève), em que três trabalhadores voluntários franceses idos para a Alemanha eram compensados pela libertação de um prisioneiro de guerra francês detido pelos alemães. Mas era um «mau negócio» : enquanto para a contabilização das «idas» só contassem os operários especializados, na das «vindas» os prisioneiros eram normalmente de origem camponesa ou então homens idosos ou adoentados, logo improdutivos, que as leis do tratamento de prisioneiros obrigaria a libertar, mais tarde ou mais cedo. Como, ainda por cima, o processo de Revezamento nem sequer podia ser personalizado, escolhendo o prisioneiro a libertar, também este expediente se revelou um fiasco.
O Serviço do Trabalho Obrigatório que foi promulgado há 75 anos aparece assim, ao fim de 32 meses de Ocupação, como a única forma de suprir as exigências crescentes de mão-de-obra feitas pela Alemanha, depois de esgotadas todas as soluções benignas. Trata-se de uma mobilização em regra. Os cartazes apelativos a cores dos primeiros anos vão agora ser substituídos por soturnos editais a preto e branco (abaixo). O STO abrange as classes de 40, 41 e 42, o que corresponde aos franceses nascidos entre 1920 e 1922, que deverão ir trabalhar para a Alemanha em substituição do cumprimento do serviço militar, ora suspenso por causa da Guerra. As dispensas, inicialmente prometidas a agricultores e estudantes, vão desaparecer logo em Junho de 1943. Se a introdução do STO vai permitir a Vichy dar finalmente uma resposta satisfatória às exigências de mão-de-obra do III Reich, ela também se vai repercutir muito negativamente na popularidade do regime : centenas de milhares de jovens franceses que, até aí, haviam escolhido distanciar-se do conflito militar mundial e do conflito político interno, vão ver-se confrontados com as suas responsabilidades. Dezenas de milhares deles vão preferir passar à clandestinidade para não serem mobilizados para trabalhar na Alemanha, e uma fracção desses vão constituir mesmo acampamentos clandestinos na França rural, conhecidos por maquis. Estes agrupamentos (mal) armados de refractários, que a História de França vai adicionar ao quadro dos Resistentes, nunca terão qualquer importância militar, foram clamorosa e regularmente derrotados nas raras vezes que entraram em combate com unidades militares alemãs ou mesmo com a milícia francesa, mas, como o braço armado de um movimento político, terão tido a importância de terem existido.

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