Rendez-Vous com Rama foi um daqueles livros da colecção Argonauta que se comprava nas férias de Verão e que me pregou uma partida. O livro revelou-se bom demais para que lhe dedicasse aquela atenção descuidada que um livro de bolso lido naquelas circunstâncias costumava merecer. A história é a de um artefacto (um cilindro com 54 km de comprimento e 20 km de diâmetro) que se aproxima do sistema solar com uma velocidade tal (100.000 km/h) que indica as suas origens extra sistema solar, e o seu formato - o cilindro vem a revelar-se oco, como um barril - uma origem de uma civilização extraterrestre. Limitados pela escassez de tempo que a possível nave espacial irá permanecer pelas paragens do sistema solar, uma expedição (estamos no ano 2131) é enviada ao corpo celeste - que entretanto foi baptizada com o nome de Rama, um dos deuses hindus - para o avaliar. Uma boa parte do livro é a descrição do que os expedicionários iam encontrando, num apelo estimulante à nossa imaginação nas condições pouco propícias de deitado numa espreguiçadeira... Mais de trinta anos depois, as memórias de Rama voltam à ribalta com a descoberta no passado mês de Outubro do primeiro objecto de origem interestelar, um asteroide muito pequeno (uns 160 metros de tamanho mesmo estimando que tenha um albedo muito baixo, rondando os 0,10), a que se deu a designação técnica de A/2017-U1 e o nome mais inspirado de Oumuamua. Como acontecia com Rama, a sua velocidade intersideral de base é considerável (26,22 km/s = 94.400 km/h) e a sua trajectória junto ao Sol (abaixo), que o catapultará de volta ao espaço intersideral de onde veio, acentuam o carácter efémero do encontro. Só ficou a faltar o mistério da civilização alienígena e de todas as perguntas que o livro de Arthur C. Clarke deixou por responder...
Adenda de dia 21 de Novembro de 2017
A minha copia e das edicoes Europa-America - coleccao Nebula se nao em engano. Muito bom. As sequelas feitas para completar "mais uma trilogia" ficaram muito aquem do potencial criado por este original.
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