A 22 de Maio de 2017 houve um ataque terrorista durante um concerto em Manchester do qual resultaram 23 mortos e 116 feridos. A imagem acima mostra a informação ainda hoje disponível a esse respeito nas páginas do Jornal de Notícias. A 24 de Novembro do mesmo ano, seis meses depois, houve um outro ataque terrorista durante as orações a uma mesquita no Sinai, do qual resultaram 305 mortos e mais de 128 feridos (os números ainda estão em actualização). E a imagem abaixo mostra a informação até agora disponível no mesmo Jornal de Notícias, sobre esse outro atentado. Sobre a comparação destas duas imagens, um princípio salutar será o de abandonar a ingenuidade de esperar que houvesse um tratamento noticioso equilibrado dos dois acontecimentos:
Manchester fica no Reino Unido e o Sinai é no Egipto. E a verdade cruel (mas correntemente invocada) é que os mortos de Manchester, independentemente do seu número, são muito mais importantes para a comunicação social ocidental do que os mortos do Sinai. Aceite-se isso. Mas será que essa mesma verdade cruel não justificará que possa estar a haver uma enorme desproporção na cobertura noticiosa? Ou seja, se tomarmos o desinteresse relativo pelos 305 mortos do Sinai por referência, não será possível que haja uma saturação mediática e emocional com os ataques terroristas no Ocidente? E que as audiências prescindam perfeitamente da maioria das dúzias de notícias irrelevantes mais acima, quando se podem satisfazer com apenas duas (ainda incompletas) no caso egipcio?
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