20 novembro 2017

ESTARÁ A POLÍTICA ALEMÃ A MODERNIZAR-SE?

Como acontece, por exemplo, com a censura, de que a pior porque menos evidente, é aquela que nos impomos a nós mesmos, há muitos episódios que nunca questionamos devidamente porque os tomamos por implícitos, sem os questionar. Um desses episódios é que na Alemanha do após Guerra não há crises políticas. Em Itália, para usar a definição do sonho de António Gedeão, as crises são uma «constante da vida»; em França, acontecem de quando em vez, quando não aparecem homens que a encarnem - à França - devidamente; mas, numa Alemanha traumatizada por alguém que a encarnou provavelmente bem demais, depois daquilo não era para haver crises políticas. Só agora o fracasso das negociações conducentes à formação da coligação tripartida, coloridamente qualificada de Jamaika-Koalition (CDU/FDP/Verdes), vem acordar-nos para a evidencia que afinal até pode haver crises políticas na Alemanha, como se se tratasse de um país europeu normal. Aí está uma: No Frankfurter Allgemeine Zeitungse pergunta se vêm aí novas eleições. O SPD recusa mais uma vez refazer a coligação anterior e pede-as. Parece-me dramatismo a mais, já que ainda só se passaram dois meses sobre as eleições anteriores. Se a Alemanha, agora convertida à modernidade política, quiser ser um país como os outros, tem que dar mais tempo ao tempo, que ainda muito recentemente os seus vizinhos holandeses estiveram quase sete meses (ou, mais precisamente, 208 dias) em negociações para a formação do seu governo. Nas partes mais modernas desta nossa Europa a várias velocidades parece ter deixado de haver premência na formação de um governo em efectividade de funções...

1 comentário:

  1. Afinal parece que a tradição continua a ser o que era:
    http://observador.pt/2017/11/23/martin-schulz-disponivel-a-dar-apoio-a-angela-merkel/

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