20 novembro 2017

A BATALHA DE CAMBRAI

Centenário do início da Batalha de Cambrai. Trata-se de uma ofensiva desencadeada pelo 3º Exército Britânico sobre as posições defendidas pelo 2º Exército Alemão na região do Norte de França adjacente à cidade que irá dar o nome à batalha. Costuma dar-se realce a esta batalha por causa do que é considerado o primeiro emprego maciço de blindados por parte dos britânicos para apoiar a progressão da infantaria. Na verdade, o recurso a 476 carros de combate (designados por tanques), foi apenas uma expansão daquilo que já havia sido feito em operações anteriores. Tanto assim, que uma das divisões atacantes, a 51ª (Highland), se irá confrontar com uma divisão alemã (a 54ª) que já se especializara em tácticas anti-tanque, aprendidas depois das ofensivas francesas de Abril de 1917.
A maior novidade presente em Cambrai não foi o hardware mas o software. Por uma primeira vez, o bombardeamento que abriu a ofensiva às 06H00 de 20 de Novembro de 1917, empregando mais de 1.000 peças de artilharia, foi realizado recorrendo a novos métodos indirectos e passivos de referenciação dos alvos, evitando denunciar prematuramente a concentração do poder de fogo ao inimigo. Por outro lado, o avanço das tropas foi concebido como uma colaboração entre blindados e infantaria, num primeiro exemplo de colaboração entre aquelas duas armas - a dos blindados acabara praticamente de nascer. Os carros de combate lideraram a progressão da infantaria de 6 das 19 divisões do Exército de Sir Julian Byng.
Como um bom oficial de cavalaria tradicional (a que ainda pretendia ainda usar cavalos naquela guerra...), o plano de Byng contemplava ainda o emprego de 3 divisões de cavalaria mantidas em reserva para, depois de conseguida a ruptura da frente, avançarem sobre Cambrai, conquistando a cidade, rompendo a estrutura da defesa inimiga. Antes disso, o resultado do primeiro dia da ofensiva (há precisamente cem anos) revelou-se espectacular. Ao longo de uma extensão de oito quilómetros, as defesas alemãs colapsaram. Tanto o sucesso se apresentava que, no Reino Unido se mandaram tocar os sinos em celebração. Foi uma decisão prematura. Apesar dos resultados iniciais, os atacantes começaram a ter dificuldades crescentes em manter a dinâmica da ofensiva. Mais do que os homens era agora o material que dava de si. Alguns tanques foram atingidos pela artilharia alemã mas muitos mais, centenas, ficaram fora de combate por deficiências mecânicas ou então atolados numa das trincheiras inimigas.
Exaurida a cavalaria moderna, nunca se chegaram a criar as condições para que a cavalaria antiga pudesse exibir-se na frente de combate. Passado o impacto da ofensiva inicial, e como já se tornara tradicional na Frente Ocidental, os alemães concentraram meios (20 divisões) para passarem ao contra-ataque. Com a sua contra-ofensiva recuperaram grande parte do território perdido nos primeiros dias. Com esse território vieram algumas dezenas de tanques que os britânicos tiveram de deixar para trás e que os alemães depois puseram ao seu serviço. Como saldo da batalha, a configuração da frente no mapa abaixo mostra apenas alterações irrelevantes do ponto de vista táctico. Mas em Inglaterra, para efeitos de propaganda e porque alguém irrefletidamente mandara tocar os sinos a celebrá-la antes de tempo, a Batalha de Cambrai teve que se tornar numa vitória...

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