10 novembro 2017

« ¿¿POR QUÉ NO TE CALLAS?? »


10 de Novembro de 2007. As cerimónias finais da XVII Cimeira Iberoamericana e a famosa frase do rei Juan Carlos a Hugo Chávez completam hoje o seu décimo aniversário. Mas é interessante rever uma pequena parte do incidente para perceber como a substância do mesmo - se alguma terá tido - repousa no discurso do primeiro-ministro espanhol e não na reacção pirotécnica do monarca - porém, foi esta última que tornou o incidente memorável, ainda hoje digno de evocação. E simbólico deste mundo informativo moderno o quanto ele não se mostra interessado em difundir os considerandos do que se diz, preferindo os repentes. Por outro lado, se se percebia que Zapatero estivera ali a defender Aznar por razões institucionais e de princípio, apesar da sua estima pessoal pelo antecessor alvo das críticas de Chávez ser bem pouca, em Espanha e apesar de se ter percebido claramente o frete evidenciava-se o quanto a política tende a ser ingrata. Em Madrid, numa conferência de imprensa, Gabriel Elorriaga, que era o secretário de comunicação do PP (o partido de Aznar), fazia um rasgado elogio ao rei («...teve que ser o chefe de Estado, com a sua atitude de firmeza (...) que soube dar uma resposta adequada aos gravíssimos insultos que todos os espanhóis estavam a receber pela boca de Hugo Chávez...») enquanto não poupava críticas ao primeiro-ministro («...consequência (...) da imprevisão, da negligência e da falta de capacidade de actuação...» do chefe do governo). O que vale é que, do outro lado, criticava-se o rei...

E contudo, dez anos passados, Zapatero será, de todos os protagonistas, aquele que aguentou melhor o passar do tempo. Chávez entretanto morreu e o regime que deixou à Venezuela mostra-se no estertor de uma lenta agonia política, económica e social. Juan Carlos, apanhado a caçar elefantes em África num momento em que o seu povo padecia na Europa, viu-se compelido a abdicar. E quanto a Aznar, o pomo da discórdia, a sua reputação afundou-se até ser usado em programas cómicos de televisão como pretexto para abalar as convicções mais profundas dos mais convictos republicanos espanhóis...

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