2 de Maio de 1997. Há precisamente 20 anos, Tony Blair, a muito poucos dias de completar 44 anos, tornava-se no primeiro-ministro do Reino Unido, depois da clamorosa vitória que o Partido Trabalhista registara nas eleições disputadas no dia anterior, onde alcançara a maior maioria parlamentar da sua história. Fora uma vitória de uma nova geração de dirigentes trabalhistas - Tony Blair era o mais jovem primeiro-ministro de todos os que haviam ocupado o cargo nos 170 anos precedentes - mas fora também a vitória de uma inflexão ideológica no trabalhismo histórico que se consubstanciava num slogan que levara Blair à liderança do partido e que fora muito promovido depois durante a campanha eleitoral: New Labour.
Contra aquela vitória tão retumbante, as reclamações nunca foram particularmente sonoras nem, sobretudo, abundou quem estivesse disposto a promovê-las, mas a inflexão e a nova simbologia (da rosa...) provocavam uma visível desconforto entre os históricos, veteranos trabalhistas que haviam sido proeminentes da última vez que o partido estivera no poder (com James Callaghan), vinte anos antes. Um pouco à semelhança do que acontecia em Portugal entre Guterres e Soares, era difícil compatibilizar o que haviam sido os valores históricos da esquerda democrática numa época que desaparecera depois de 1989 com os objectivos de vencer eleições num quadro ideológico que se desequilibrara brusca e acentuadamente para o lado dos interesses do capital.
Vinte anos depois é esse mundo, que era novo há vinte cinco anos, que parece em vias de se desmoronar por sua vez. Cada eleição que se realiza - foi o Brexit, foi Trump, felizmente não aconteceu nada na Áustria ou na Holanda, mas agora são as presidenciais francesas - tornou-se uma agonia e é perante o desmanchar de estas outras ilusões que se vê Tony Blair a admitir regressar à ribalta como se, como outrora pensara Callaghan (e também Soares...), ele ainda fosse capaz de dar corda ao relógio para fazer os ponteiros andarem para trás...
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