30 maio 2017

A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DO BIAFRA

Há cinquenta anos era proclamada a independência da República do Biafra. Ao longo da década, o continente africano fora e continuava a ser atravessado por proclamações de independência mas esta era subtilmente diferente das outras, porque as fronteiras do novo país não respeitavam as que haviam sido herdadas da configuração colonial. Numa abordagem lírica, o gesto poderia ser encarado como a expressão dos povos recém emancipados de África a traçarem as fronteiras naturais dos seus estados. Numa abordagem cínica, constatava-se que, como acontecera com o separatismo catanguês, essas pulsões só ocorriam em regiões que se mostravam ricas em matérias primas de interesse para as potências - o petróleo no caso do Biafra. Mas, para impedir que o princípio de autodeterminação dos povos se aplicasse aos países africanos, onde a consciência nacional se cingia então a uma ínfima elite, houve que travar uma custosa guerra civil que se arrastou por dois anos e meio. Repare-se como na informação os assuntos têm sempre uma importância relativa: com a actualidade de então dominada avassaladoramente pela Crise israelo-árabe (que iria transformar-se, daí por uma semana, na Guerra dos Seis Dias) o assunto só merece um apontamento discreto de página interior no Diário de Lisboa desse dia (abaixo).

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