Para complementar o poste anterior, demonstrando como os tempos políticos têm evoluído nos últimos 50 anos, acrescente-se outra história distinta onde um outro secretário do Interior britânico recebeu em 2007 uma carta de um deputado britânico chamado Alan Johnson, em que este apelava à não extradição de um camaronês chamado Emmanuel Njoya para o seu país, porque, na sua opinião, a decisão poderia pôr em perigo a vida do extraditado:
O senhor Njoya sofreu horrivelmente e o mesmo continua a acontecer com a sua família que permanece nos Camarões. Se ele vier a ser deportado de volta para o seu país, isso poderá ser devastador para si e para a sua família, quiçá poderá ser-lhe mesmo fatal. O Home Office permaneceu contudo irredutível na decisão, e o secretário do Interior de então assumiu-a em carta de Setembro de 2009, esgotadas todas as manobras burocráticas dilatórias: Tendo analisado o caso atentamente, estou convicto que foram adoptados os procedimentos adequados e que seria inapropriado que eu interviesse no assunto. Como adivinhará decerto quem leu o poste precedente, a assinatura que se segue é a do secretário do Interior... Alan Johnson. E neste caso nem sequer houvera mudança de governo, apenas mudanças dos titulares de pastas ministeriais.
A volubilidade política, como se vê, sofisticou-se. Mas, como este caso versa as regras de acolhimento de estrangeiros e a impropriedade de não interferir num processo, permitam-me rematar esta outra pequena história lembrando a explicação dada recentemente por Marques Mendes para os telefonemas que ele efectuou ao agora detido António Figueiredo por causa de vistos gold, alegando que se tratava de pedidos de informação... Veja-se o emprego da mesma lógica, sem o acusar directamente de querer fazer de mim estúpido: será que Luís Marques Mendes poderá ter a delicadeza de responder ao meu singelo pedido de informação - quer fazer de mim estúpido?
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