Considero Maria de Belém Roseira, a actual presidente do PS, uma das melhores presenças
televisivas da actualidade. Sempre sorridente e aparentando calma, uma boa disposição que roça
a bonomia, só se lhe nota o pecado de falar desmesuradamente demais para aquilo
que diz, mas quem é que pode condenar isso num político?... É difícil antipatizar
com ela. Porém, não me consigo esquecer da sua passagem inglória pela pasta da
Saúde (1995-1999), seguida de uma transferência para a pasta da Igualdade (1999-2000),
ministério de competências misteriosas de que até na Wikipédia se perdeu o rasto,
tanto no elenco ministerial, como (parcialmente) na biografia da ministra. Reconheça-se porém que a
própria Maria de Belém permanece fiel ainda hoje à ideia da importância do cargo que desempenhou, que
já a ouvi defender à outrance.
Mas confesso que, nas
raras ocasiões em que ouço a referência à existência de Maria de Belém como tal
ministra me lembro de Yes, Minister e de Jim Hacker, o ministro dos Assuntos
Administrativos fictício dessa série britânica, quando esteve em vias de ser transferido para a
pasta da Harmonia Industrial – que ele imediata e correctamente antecipou iria
receber a competência de tratar das greves! Porque caímos no paradoxo em que as
designações de alguns ministérios se tornaram deliberadamente falaciosas: é o caso do
que foi da Guerra e que agora se tornou da Defesa, mas que só se
torna importante quando há guerra¹; é o caso do do Trabalho, que está
encarregue – e são cada vez mais... – daqueles que não têm trabalho; e era o caso do da Igualdade,
onde Maria de Belém parecia menos igual do que todos os seus colegas de gabinete…
¹ E é por a não
ter havido que a capacidade de pressão e negociação (e as condições) dos militares têm diminuído
substancialmente nas últimas décadas.
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