05 novembro 2012

O BONECO DA «MAIORIA SILENCIOSA»

Os membros da organização que convocaram a manifestação da maioria silenciosa para o dia 28 de Setembro de 1974 seriam certamente muito devotados ao general Spínola mas eram uns incompetentes em tudo o resto. A começar pelo cartaz da convocatória (acima), onde o boneco representativo da tal maioria silenciosa aparecia com um desenho de olhos a parecerem que estavam cobertos com aquele tipo de vendas com que se convencionava identificar os ladrões...
Recebida de mão beijada, os comunistas pegaram na aparência vígara do boneco afixado pelas paredes e levaram-no a um novo requinte de malvadez (mais bem concebido até que o original), devidamente fardado, com o S (de Salazar - que era ostentado no cinto pela mocidade portuguesa) transposto para a gola, cifrões capitalistas nas platinas do dólman e uma abrangente colecção de condecorações que iam da ANP, aos nazis, à CIA, mesmo até às flores-de-lis de Luís XVI…
Tanto foi o seu sucesso que, mesmo ao ritmo alucinante do PREC, um ano depois o boneco ainda podia ser aproveitado para representar a reacção embora agora calhasse a vez aos comunistas de se mostrarem incompetentes quando o representam em saudação fascista ao lado de um Spínola que há muito a revolução devorara. Aquilo que eles agora designavam por reacção era outra gente, que por acaso se sentia legitimada para se lhes opor por causa dos quase 80% de votos populares não comunistas

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