George McGovern, que faleceu recentemente a 21 de Outubro e que nos aparece na fotografia acima completamente à anos setenta, pertence àquela época em que chegou a haver a ilusão que as pessoas decentes podiam entrar para a política para se expressarem e se baterem honestamente pelas convicções que eram suas. Quando se apresentou para concorrer à presidência dos Estados Unidos em 1972, McGovern notabilizara-se como senador por se opor à Guerra no Vietname, por ser pela despenalização do aborto e também pela liberalização do consumo de marijuana. Mais do que isso, bateu-se pela implementação de um processo mais participado na complexa selecção primária dos candidatos escolhidos pelos grandes partidos, nomeadamente o seu, o democrático.
Oriundo das berças norte-americanas (Dakota do Sul), herói condecorado da Segunda Guerra Mundial, tendo quase tudo para ser uma daquelas pessoas com que se simpatiza instintivamente sem se saber porquê, teve também nessa campanha um opositor que, sendo antipático, era daqueles que em política não brincava em serviço: Richard Nixon. Enquanto na Convenção de Miami havia votos em Mao Zedong e em Archie Bunker para candidato a vice-presidente e McGovern encerrava os trabalhos discursando às 2H48 da manhã*, o seu adversário Nixon aproveitava as altas horas da noite para lhe colocar escutas nos seus telefones. No momento da verdade, McGovern recebeu uma das mais humilhantes derrotas eleitorais na história das eleições presidenciais norte—americanas: foi vencido em 49 dos 50 Estados da União…
* Prime time televisivo se estivesse a concorrer a eleições na... Austrália.
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