– Eu não
tenho dotes oratórios. (Apoiado! Apoiado!) Eu não tenho hips! …não tenho
palavras – Eu não tenho vinho! – mas tenho uma coisa cá dentro urrps!... (Isso
não será ar na canalização?) …sinto uma coisa cá dentro que deve ser sastifação
porquós preciosos enlaces que se realizam neste dia que eu desejo que se
repiih! …repitam por muitos anos e bons! (aqui, a partir dos 4:20)
Mesmo sem
ter o reconhecimento de um Padre António Vieira, o actor Manuel Santos Carvalho (acima) tem o seu lugar na oratória portuguesa do Século XX. A sua
incapacidade para a concretização verbal do lirismo extremo das situações
em que toma a palavra (incapacidade essa que é reconhecida pelo próprio e pelos circundantes aos gritos de Apoiado!) e que é de imediato
afogada em vinho (daí a impossibilidade de discursar de copo seco), é um marco histórico de um certo estilo de que me lembrei ao
ler esta referência ao sétimo aniversário do Herdeiro de Aécio no blogue
Âncoras e Nefelibatas. É que é um gesto tão simpático que eu não tenho palavras…
e mesmo se tivesse o vinho que socorria Santos Carvalho creio que continuaria a
não estar – fora os soluços... – à altura
de agradecer devidamente os elogios do poste de V. Rodrigues.
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