10 novembro 2012

O ESTUÁRIO E O FUTURO IMUTÁVEL

Gosto da fotografia deste estuário e gosto da simbologia da enorme curva que o rio descreve antes de chegar ao mar num traçado que se adivinha já ter sido muito diferente e que decerto continuará a mudar com os tempos. Gosto da aparente placidez das águas que deslizam numa imagem onde não conseguimos precisar dimensões – qual é a altitude do morro que bordeja a foz? Quando leio o anúncio de Vítor Gaspar, antecipando que decorrerão décadas antes de Portugal atingir as metas de endividamento, parece-me ouvir um (mau) especialista em hidrografia a justificar porque é que o trajecto deste rio só pode ser aquele e manter-se assim…     
 
Sobre planos de pagamentos internacionais que se estendem por décadas vale a pena evocar o Plano Young, concebido em 1929 para que a Alemanha pagasse as suas dívidas de Guerra (da Primeira Guerra Mundial 1914-18), que se estendia por 59 anos e terminava em 1988! É claro que a Alemanha não pagou, envolveu-se noutra Guerra (1939-45), foi derrotada, foi destruída, continuou a não pagar, a sua parcela ocidental até recebeu ajuda ao abrigo do Plano Marshall, mas torna-se irresistível não aproveitar a coincidência das datas para ironizar que foi só depois da liquidação integral das dívidas (1988) que se deu o Die Wende (1989) e a Reunificação.

1 comentário:

  1. Caro António

    Ora aqui está um conjunto de factos importantes que conviria o Passos Coelho saber, para os relembrar á senhora Merkel na próxima segunda feira. Um abraço

    Pedro Cabral

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