10 agosto 2012

VIDAS DE EUROPEUS NO ANO DO SUPERAVIT COMERCIAL DE 1943

Em comentário ao que por aí li escrito, refira-se que em 1943 quase todos os alimentos estão racionados em todos os 24 países europeus, incluindo aqueles poucos que permaneceram neutrais no conflito em curso (Segunda Guerra Mundial), casos da Irlanda, Portugal, Suécia ou Suíça. A dose de calorias correspondente às rações diárias que são alocadas aos adulto podem variar, desde as 800 calorias na Polónia, às 960 na Bélgica, 1500 na Noruega, 1600 em França (acima), 1900 na Holanda, e ainda um pouco mais nos países directamente beligerantes: 2250 na Alemanha e 2800 na Grã-Bretanha. Noutros países, onde os circuitos de produção e distribuição são mais retrógrados e foram mais afectados pela Guerra a situação ainda é pior. Na Grécia, numa Atenas repleta de refugiados, a distribuição diária de pão reduz-se a 30 gramas e todos os dias carroças apanham os cadáveres de ventres inchados nas ruas e vão lançá-los em valas comuns.
É penoso, para quem conheça esta realidade, ler a descrição enviesada que Irene Pimentel fez, escudada em Fernando Rosas, das condições de vida em Lisboa por essa mesma época. Não por ela ser mentira, que não creio que o seja, mas por ela ser distorcida por omitir as circunstâncias de uma Europa que, naquele período, vivia com vários níveis de dificuldades, incluindo os países que haviam sido poupados ao conflito. Quem se proponha fazer um julgamento proporcionado da situação portuguesa naquele período terá que comparar com a de outros países neutrais, como será o caso da Irlanda (abaixo), e não adoptar – como se fez – uma crítica sistemática e implacável a Salazar e ao seu regime. Note-se, apenas para exemplo, como não terá sido apenas Salazar a adoptar a polémica decisão de decretar luto nacional por ocasião da morte de Adolf Hitler em Maio de 1945: Eamon de Valera – insuspeito de simpatias pelo fascismo – adoptou uma atitude equivalente na Irlanda

2 comentários:

  1. O senhor, na sua douta ignorância, sabe, por acaso, que a Polónia, Bélgica, Noruega, França, Holanda, Grécia eram países ocupados pela Alemanha nazi? Sabe como a Alemanha nazi encarava os países e os povos, ocupados? Já agora, sabe o que a Alemanha nazi destinava aos judeus da Bélgica, Noruega, França, Holanda e Grécia. Já ouviu falar de morte pela fome, antes da morte por fuzilamento, morte por gás em camionetas e zyklon B nos campos de extermínio? Como não sabe, informe-se antes de comparar o incomparável. E só comento porque detesto mentiras históricas e alguém pode ler o que o senhor escreve, sem dizer quem é

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  2. Torna-se descoroçoante responder a um comentário que demonstra tanta incapacidade de se focar no essencial do que tratei neste meu texto. Procurando ser mais extenso mas mais claro permita-me dizer-lhe que:

    No seu texto, a Irene descreve um Portugal e uma Lisboa do tempo da Segunda Guerra Mundial (1939-45) onde se vive em condições miseráveis. E a culpa, infere-se do que lá escreveu, é do Salazar.

    Ora eu em pego nesse seu texto para chamar a atenção para que na Europa contemporânea se vivia em condições tão, senão mesmo mais e até muito mais, miseráveis do que as que refere para Portugal. E, para o sustentar e exemplificar, citei valores avulsos das dietas alimentares racionadas de alguns países europeus – retirados de Raymond Cartier, Segunda Guerra Mundial, 2º Vol., p. 35. O aborrecido para aquilo que me pareceu a sua tese é que, nestes outros casos, não se pode inferir que Salazar também tivesse culpa… As culpas serão do Hitler...

    Toda a Europa daquele período viveu anos muito difíceis, incluindo mesmo os países neutrais ou os que sofreram regimes especiais de ocupação como a Dinamarca e a França. Foi nesse contexto que afixei as capas (e as ligações…) dos livros “Les Français au quotidien”, tratando de uma França que nos é culturalmente próxima e até regida por um regime ideologicamente próximo do de Salazar (a França de Vichy, 1940-44), e “The Irish Experience During the Second World War”, outro país neutro com uma localização geoestratégica periférica semelhante à nossa, que são livros que nos permitem comparar provações e privações dos povos durante aquele período e leituras benéficas para nos fornecer profundidade e distanciamento ao que possamos pensar a esse respeito sobre aquele período. Não sei se já leu algum deles; se não, alguém que o fez sugere-lhos.

    Se o fizer e quando o fizer e se houver neles algo que queira incorporar nas suas impressões, terei todo o gosto em continuar a comentar aquilo a escrever sobre o Portugal daquele período, nomeadamente os erros – vários, no meu entender – que Salazar terá cometido. Até lá, não posso deixar de a criticar por medíocres textos seus que postulam que “aquilo foram tempos muito maus porque nós éramos muito atrasados por culpa do Salazar porque sim”…

    Quanto à sua atitude altaneira na resposta, procurando rebaixar aquilo que eu possa ou não saber sobre a Segunda Guerra Mundial (a propósito: está aí uma etiqueta ao lado com esse título sobre o que eu já escrevi neste blogue a respeito desse tema - quem quiser que o consulte) e à sua preocupação final sobre eu “dizer quem sou” levo-o à conta do carácter paroquial de como alguns “debatem” cientificamente os temas… Portugal é um país mesmo pequeno.

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