14 agosto 2012

OS POLÍCIAS SINALEIROS

Explicar o que era e fazia um polícia sinaleiro torna-nos velhos, põe-nos do outro lado de um muro onde costumávamos estar do lado oposto enquanto nos explicavam os pormenores de outras profissões entretanto desaparecidas como a de aguadeiro. A verdade é que as fotografias simplificam imenso a tarefa, basta imaginarmos uma cidade com muito menos trânsito, sem semáforos e com uns senhores empoleirados numas banquinhas pintadas de cores berrantes e que faziam umas momices que se pretendiam evidentes, que os automobilistas eram mesmo obrigados a cumprir. Ainda não havia nada daqueles truques modernos, onde se olha para o semáforo no amarelo a uns 25 metros de distância e se acelera sem nunca mais olhar para cima, para nos reconfortarmos que ele permaneceria amarelo enquanto se atravessa o cruzamento…
A relação com os polícias sinaleiros era muito mais personalizada, pode-se dizer que adicionava valor à relação sempre tumultuosa entre automobilista e autoridades. Geralmente eram designados pela alcunha carinhosa de cabeças de giz em atenção aos chapéus de uma alvura identificativa, mas lembro-me que um dos da esquina mais perto de casa adquirira a suplementar de apara-lápis, pela frequência com que punia as distracções dos automobilistas mais espertalhões, qual árbitro moderno com propensão para mostrar cartões. Esquecido, o mester parece continuar a existir quanto à regulação de outros fluxos, especialmente quanto o tráfego é pouco como acontece nestes meses de Verão. De onde é que de repente, e duma história que já tem anos, aparece esta súbita preocupação concertada pelos documentos omissos do caso dos submarinos de Paulo Portas?
Em jeito de remate, note-se que Portas, que nesta metáfora passaria por um profissional da gincana automóvel, já reagiu com um dos seus tradicionais sound bites

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