Explicar
o que era e fazia um polícia sinaleiro torna-nos velhos, põe-nos do outro lado
de um muro onde costumávamos estar do lado oposto enquanto nos explicavam os
pormenores de outras profissões entretanto desaparecidas como a de aguadeiro. A
verdade é que as fotografias simplificam imenso a tarefa, basta imaginarmos uma
cidade com muito menos trânsito, sem semáforos e com uns senhores empoleirados numas
banquinhas pintadas de cores berrantes e que faziam umas momices que se
pretendiam evidentes, que os automobilistas eram mesmo obrigados a cumprir. Ainda
não havia nada daqueles truques modernos, onde se olha para o semáforo no amarelo
a uns 25 metros de distância e se acelera sem nunca mais olhar para cima, para nos reconfortarmos que ele permaneceria amarelo enquanto se atravessa o cruzamento…
A relação com os polícias sinaleiros era muito mais personalizada, pode-se dizer que adicionava
valor à relação sempre tumultuosa entre automobilista e autoridades. Geralmente eram designados
pela alcunha carinhosa de cabeças de giz em atenção aos chapéus de uma alvura
identificativa, mas lembro-me que um dos da esquina mais perto de casa
adquirira a suplementar de apara-lápis, pela frequência com que punia as distracções
dos automobilistas mais espertalhões, qual árbitro moderno com propensão para
mostrar cartões. Esquecido, o mester parece continuar a existir quanto à
regulação de outros fluxos, especialmente quanto o tráfego é pouco como
acontece nestes meses de Verão. De onde é que de repente, e duma história que já tem anos, aparece esta súbita preocupação concertada pelos documentos
omissos do caso dos submarinos de Paulo Portas?
Em jeito de remate, note-se que Portas, que nesta metáfora passaria por um
profissional da gincana automóvel, já reagiu com um dos seus tradicionais sound bites…
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