02 agosto 2012

A CAMPEÃ OLÍMPICA DOS «PIROLITOS»

Embora apareça raramente nas pantalhas, uma modalidade olímpica como a canoagem de slalom - de que se exibe acima um vídeo - produz sempre imagens impressionantes. Porém, ao contrário do pentatlo moderno de que aqui falei anteriormente, a sua adopção como modalidade olímpica é bastante recente: tem apenas 20 anos. A um mês do começo desses jogos olímpicos de Barcelona (1992), e para conferir ao universo de participantes femininas da prova inaugural de slalom um carácter mais ecuménico, o comité olímpico costa-riquenho recebeu um convite que considerou impossível recusar. À falta de senhoras que praticassem a modalidade na Costa Rica, houve que recorrer a quem fosse experiente com o que houvesse de mais parecido. E foi assim que se descobriu para futura canoísta olímpica Gilda Montenegro, uma moça de 25 anos que operava turisticamente uma jangada de rafting
Tratando-se de uma prova olímpica disputada em duas mangas, a prestação da jangadeira na primeira delas desmentiu aquele tradicional aforismo desenrascado que postula que dão umas coisas para as outras: numa prova em que as concorrentes recebem normalmente uns 5/10 pontos de penalização por falharem a passagem de uma ou outra porta, onde a infeliz antepenúltima recebera 65 e a desastrada penúltima 165 pontos, Gilda conseguiu eclipsá-las com os seus 470 pontos! Poder-se-ia pensar que a experiência adquirida lhe permitiria realizar uma segunda manga menos catastrófica. Mas não. A meio do percurso, depois de já ter conseguido 225 pontos, o kayak de Gilda virou-se e, diante uma assistência preocupada, completou o resto num arrojado estilo subaquático, não previsto pelo regulamento... Num dos saltos, Gilda chegou a bater com a cabeça no fundo, o que fez com que o seu capacete se rachasse ao meio…
A experiência de engolir todos aqueles pirolitos foi tão traumática que Gilda Montenegro esteve quase dois anos sem voltar a entrar num kayak… Mas veio a reaparecer nos jogos olímpicos seguintes, disputados em Atlanta em 1996, onde dessa vez já conseguiu completar as duas mangas da prova à superfície e acabando num honroso antepenúltimo lugar… Melhor que isso, e provando que as histórias às vezes têm mesmo um final feliz, veio a casar com o campeão olímpico masculino dessa mesma modalidade, o alemão Oliver Fix

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