16 agosto 2012

DOS (NOSSOS) FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA

Para além de Winston Churchill e daqueles (poucos) anónimos a quem tanto se deveu (Nunca, na história dos conflitos, tantos deveram tanto a tão poucos), a Batalha de Inglaterra também teve os seus heróis mecânicos. Acima o Spitfire, abaixo o Hurricane, estes dois aparelhos constituíram a ponta de lança da defesa aérea do Reino Unido nesses períodos conturbados da Segunda Guerra Mundial. Mas existe uma certa controvérsia sobre qual deles eleger para o lugar cimeiro, cruzando-se a defesa das melhores prestações técnicas do Spitfire com a defesa dos custos e simplicidade de fabricação e manutenção do Hurricane, um aspecto que é crucial numa guerra de desgaste como aquela foi.
Tendo-se transformado numa discussão meramente simbólica, o Spitfire parece ter adquirido com o tempo um ascendente definitivo. Porém, quando se analisa a Ordem de Batalha da RAF a 10 de Julho de 1940, constata-se que, das 57 esquadrilhas que então existiam para a defesa do Reino Unido e que viriam a protagonizar a Batalha de Inglaterra, havia 29 que estavam equipadas de Hurricanes e 19 de Spitifires, mas havia ainda outras 7 que usavam Blenheims (abaixo) e mais 2 voando em Defiants (mais abaixo). Ora estes últimos aparelhos, que, importa lembrar, constituíam ainda cerca de 16% da aviação de combate da RAF, são raramente mencionados quando se fala da Batalha de Inglaterra.
Tratou-se de dois projectos que, quando confrontados com as realidades do combate aéreo, se vieram a mostrar completos fracassos. Um caça-bombardeiro bimotor com maior raio de acção mas muito menos capacidade de manobra no caso do Blenheim, e um caça com um piloto e um metralhador dedicado, mas que não podia disparar nem para a frente nem para baixo no caso do Defiant. Do lado inimigo, outros aparelhos houve que também se revelaram inadequados para as características do combate aéreo, casos do Me-110, também bimotor, ou do Ju-87, o Stuka famigerado por fazer soar as sirenes da Blitzkrieg. Mas esses fracassos são conhecidos e fazem parte da saga da Batalha de Inglaterra.
Àquele famoso provérbio português falta precisar que é só dos nossos fracos que a História não reza.   

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