30 agosto 2012

O PASSADO, O PRESENTE E O SEMI-PASSADO

Quando Sir Walter Raleigh (1554-1618) esteve preso por treze anos (1603-1616) na Torre de Londres, dedicou-se a escrever uma História Universal. Já havia completado o primeiro volume a respeito da Antiguidade¹ quando se deu uma rixa entre trabalhadores debaixo da janela da sua cela (acima) de onde resultou a morte de um deles. Apesar do empenho das suas investigações e da sua condição de testemunha privilegiada do que acontecera nunca o historiador conseguiu vir a descobrir as razões que haviam provocado o incidente, causa de uma frustração tal que o fez abandonar o projecto.

Esta história é provavelmente apócrifa mas é interessante por nos alertar para a influência que as circunstâncias do presente podem ter sobre as nossas opiniões sobre o rigor do que se escreve sobre o passado. É um óptimo tópico quando se assiste a esta controvérsia entre Manuel Loff e Rui Ramos². Suponho que, não se desse o caso das teses do segundo poderem ganhar visibilidade porque publicadas nos suplementos do Expresso, e as críticas do primeiro perderiam interesse e endosso sectário. Porque esta de Rui Ramos seria apenas mais uma História de Portugal de um autor de direita...
¹ Veio a ser editado postumamente em 1628 com o título The Historie of the World.

² Crítica original de Loff. Réplica de Ramos. Tréplica de Loff.
 

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