19 de Junho de 1969. Discursando no Congresso da Internacional Socialista em Eastbourne, no Reino Unido, Mário Soares (então com 44 anos e que era então apenas um dirigente oposicionista português no exílio), anunciava a disposição dos «socialistas portugueses» em «participar nas próximas eleições para deputados, em Novembro». Por seu lado, esta disposição do regime em tolerar a publicação de uma notícia com este teor (acima, à esquerda), transmitia, com a subtileza típica daquela época, que sob a abertura do marcelismo se conceberia admitir, nas futuras eleições do Outono, a comparência de formações que se reclamassem do socialismo, um palavrão que fora totalmente proscrito pelo Estado Novo. Mas as boas intenções ficavam-se por aí, o sistema eleitoral não contemplava a eleição de vozes dissonantes para a Assembleia Nacional, e o equívoco só iria perdurar por mais uns meses, até ao escrutínio que a União Nacional iria vencer com 88% da votação. A fotografia de Soares, tirada precisamente durante o Congresso, é de Rolf Adlercreutz. Ao contrário do que Mário Soares veio a dizer, tentando reescrever a história desses anos, a sua figura era quase completamente desconhecida dos portugueses.
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