A expressão caiu subitamente no goto popular mas precisamente pela causa inversa: por causa da gente que não sabe estar, título e alvo do programa semanal de Domingo de Ricardo Araújo Pereira. O que parece ser injusto para os outros, a gente que sabe estar, de que um exemplo que posso dar é o dos políticos do Bloco de Esquerda, que de há umas quatro semanas para cá, e apesar das eleições europeias de permeio, não conseguiram produzir nada que despertasse a atenção crítica (e cómica) dos autores do popular programa da TVI. Os outros partidos sim, o Bloco não: deve ser por ser um partido dirigido por pessoas que sabem estar. Mas é de outras pessoas que também sabem estar (e porventura saberão ainda melhor do que as do Bloco...) de que aqui quero falar, porque são as atracções de um artigo publicado esta semana na revista Sábado intitulado Os Maiores Acumuladores de Cargos nas Empresas. Onde os melhores "maiores acumuladores" são precisamente aqueles que dão muito na televisão. Artigo onde se podem ler confissões da Gente que sabe estar que são capazes de rivalizar - involuntariamente - com o programa sobre a Gente que não sabe estar. Vejamos o depoimento que se segue:
Não se percebe se Seixas da Costa entretanto se dedicara a estudar retalho nos últimos tempos em que esteve em Paris, razão para vir a aceitar o cargo, mas confesso-vos que sempre considerei misteriosas as causas que levam algumas pessoas prestigiadas a serem convidadas para cargos deste género e, mais do que isso, propensas a acumulá-los, enquanto outras, prestigiadíssimas também, lhes falta o mesmo jeito. Seria magnético, se eu acreditasse no magnetismo do fenómeno. Basta não ir muito longe, às fotos acima escolhidas pela Sábado de Gente que sabe estar, onde aparecem dois ilustres membros do painel do programa televisivo Circulatura do Quadrado, que podem ser conjugados com a nossa certeza empírica, mas absoluta, que o terceiro membro do painel (José Pacheco Pereira) não deve ser administrador de nenhuma dessas grandes empresas cotadas. Os dois primeiros (Lobo Xavier e Jorge Coelho) têm um certo jeito que o último não tem. Uma coisa se sabe porém, e isso é sabido de há muito, desde o tempo do famoso almirante Henrique Tenreiro, que acumulava assentos desses, a ponto de ser comparado numa adivinha/anedota a um autocarro da Carris: é que estes lugares não aparecem com a casualidade que acima nos descreve o sr. embaixador Seixas da Costa, como se fôssemos a caminhar pela rua e nos calhasse pisar acidentalmente uma pastilha elástica - e olha: alguém nos convidou para mais um cargo de administrador! (Usei o eufemismo da pastilha elástica porque a Gente que sabe estar nunca pisa merda, coisa que toda a gente sabe que é sinal de dinheiro...)
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