10 junho 2019

É UM HOMEM COM UMA OPINIÃO TÃO «CONSIDERADA», QUE ELE ATÉ LEVITA QUANDO A EMITE

Segunda Feira. Folheia-se um jornal digital, e lá vem o palerma outra vez. Já aqui disse que nunca me esquecia de não ver o programa dominical de Marques Mendes. Também lhe dei o cognome de Marques Mendes, o Impingido. Optei por ser mais concreto e objectivo quanto às críticas que lhe fazia, desmontando-lhe as tretas, que o próprio tempo se encarregava de mostrar o que eram; défices antecipados de 3,7 ou 3,8% acabavam meses depois em 4,5% majorados para 7,2%(!); outras tretas foram tão mais flagrantes que a própria comunicação social tradicional se encarregou delas, como foi o caso do gestor da CGD que numa semana ficaria garantidamente na instituição, para, na semana seguinte, Marques Mendes dar uma pirueta de 180º, desdizendo-se do que havia garantido na semana anterior: o homem já não ia. Também o vimos a tentar limpar os sapatos do cocó de cão que lhe ficara agarrado em casos de corrupção que o rondaram. Pois bem, os anos vão passando e Marques Mendes continua a aproar sobre este mar gelado de erros, enganos e dissimulações com a impunidade e determinação indiferente de um quebra-gelos no pino do Inverno. Nada, no panorama da opinião publicada, parece capaz de perturbar o seu prestígio como comentador. O fenómeno - o da ressonância de tanto erro - é tanto mais surpreendente quando, de há uns anos para cá e à mesma hora e num canal da concorrência, Paulo Portas protagoniza um programa semelhante mas a este cortam-lhe o pio. Paulo Portas, reputado de saber manipular a comunicação social como mais ninguém o sabia fazer, e as suas opiniões, que afinal são tão boas quanto as de Marques Mendes, não tem hipótese alguma de serem retransmitidas no dia seguinte. O que é estranho - embora não tenha também qualquer desejo de ouvir o que Portas tem a dizer - e que me deixa a interrogação é da identidade dos misteriosos poderes omnipotentes que, nestes anos todos, têm controlado as opiniões a que se deve dar ressonância em Portugal. Uma coisa é para mim, certa: não sendo homem de fé, não acredito na capacidade da levitação...

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