«...eu, ao contrário do Daniel Oliveira, não faço política. Eu escrevo sobre política. Eu falo sobre política. Eu critico políticos. Mas eu não faço política. Certamente que não escondo o meu posicionamento ideológico, e com certeza que dou palpites sobre o que devem ser as prioridades do país. Mas nunca fiz, não faço e não creio que venha a fazer “política”. O que eu faço, com muito orgulho, é jornalismo. Não no sentido estrito do termo, de dar notícias e saber o que diz A e o que diz B, mas no sentido geral, de contribuir de forma independente para uma compreensão do país, oferecendo chaves de interpretação úteis a quem me lê e a quem me ouve.»
A aceitar esta «chave de interpretação» que nos «oferece» João Miguel Tavares então tenho que admitir que José Manuel Fernandes até é mesmo um jornalista, que o Observador é mesmo um jornal, que até o Avante! o pode ser (outro jornal...), se se levasse a sério aquela perspectiva da oferta das «chaves de interpretação» aos leitores e ouvintes. Mas mais do que isso, e extrapolando para lá do ramo, é muito frequente, cada vez que apanhamos um táxi (ou um uber), depararmo-nos com um jornalista ao volante, disposto a fornecer-me as tais «chaves de interpretação» para «uma compreensão do país» enquanto dura a viagem. Desse, do do João Miguel Tavares ou do do Daniel Oliveira, há jornalismo por todo o lado; pena que o outro, o «do sentido estrito do termo», que se encontra nos jornais propriamente ditos, seja frequentemente uma merda. Eu tenho uma ideia do que é jornalismo: não preciso de pedir a João Miguel Tavares nenhuma «chave de interpretação». Mais: tenho a certeza que a dele está errada.
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