A 25 de Março de 1943, às 7H07 locais, enquanto navegava à velocidade de doze nós a umas 80 milhas náuticas a sudeste de Aracaju (a capital do pequeno estado brasileiro do Sergipe), o pequeno cargueiro Industria (1.688 toneladas), de pavilhão sueco, foi torpedeado pelo submarino U-518 da Kriegsmarine. O navio, que vinha do porto norte-americano de Filadélfia e se destinava ao Rio de Janeiro, confiara nas suas pinturas laterais que o identificavam como neutral (abaixo) e não adoptara qualquer comportamento evasivo-defensivo quanto à ameaça submarina. O navio afundou-se em oito minutos e os escaleres de salvamento embarcaram ou recolheram depois 25 dos 26 homens que compunha a tripulação.
No diário de bordo do U-518 constará que, por não estarem iluminadas as pinturas laterais de identificação, o submarino não identificara a tempo a nacionalidade do navio antes de o afundar. O comportamento posterior da sua tripulação desmentirá a versão: o submarino emergiu junto aos 25 náufragos, inteirou-se se havia feridos ou se eles precisariam de água, mas aprisionou os três oficiais mais graduados da tripulação. Meia hora depois submergiu e afastou-se com os prisioneiros. Depois de passarem o dia inteiro no mar, os 22 tripulantes - o tripulante em falta nunca mais foi visto - foram recolhidos nessa noite, por volta das 23H00, pelo navio suíço(!) St. Cergue que os desembarcou posteriormente em Salvador na Baía.
Quanto aos três oficiais aprisionados, capitão, imediato e maquinista, esses tiveram que esperar mais de um mês até que o U-518 tivesse regressado à sua base francesa de Lorient a 27 de Abril. Depois de umas desculpas formais e pouco sentidas, foram libertados e regressaram à Suécia. Com o Industria, e apenas nesse primeiro trimestre de 1943, já se ia no quarto navio sueco que era afundado pelos U-Boot da Kriegsmarine. O U-164 afundara um logo em 1 de Janeiro, o U-358 outro a 22 de Janeiro, o U-530 um terceiro a 9 de Março e agora o U-518 há precisamente 75 anos. Todos esses acidentes tiveram lugar em pleno Atlântico. Eram distracções a mais para com a frota mercante de um país reconhecidamente neutral e que se podem explicar sobretudo pela posição geográfica e estratégica incómoda que a Suécia ocupa, estando então totalmente cercada numa Europa dominada pela Alemanha. Ao contrário de Portugal, a Suécia tinha que engolir e calar, não estava em condições de retaliar às contínuas provocações alemãs, cedendo aos seus inimigos amplas facilidades logísticas em bases aéreas nos arquipélagos situados no meio do Atlântico.
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