Numa fotografia clássica do jornalismo politico (o seu autor é o fotojornalista Horst Faas) vemos um Richard Nixon a distribuir um distraído bacalhau a um admirador à sua direita enquanto simultaneamente consulta as horas. O instantâneo, colhido há cerca de cinquenta anos, expõe cruelmente aquilo que acaba por ser intuitivo se pensarmos no quotidiano dos políticos: o quanto todo aquele género de cerimónias são um aborrecimento para eles quando nelas têm de tomar parte e o quanto estarão ansiosos para se desenfiarem dali para fora. E isso é humano, não é ideológico e, mais do que tudo, percebe-se que é frequentíssimo acontecer. Hoje o Observador descobriu que a cronometragem em política podia ser um tema de reportagem (abaixo). Confesso que me ri, porque tem a sua piada imaginar que António Costa terá despendido o dobro ou o triplo ou o quádruplo do tempo a dar entrevistas sobre a limpeza da floresta do que a limpá-la efectivamente. Mas não estou à espera que o jornal seja objectivo e coerente na utilização do seu recém descoberto cronómetro... A cobertura das actuações de Assunção Cristas, por exemplo, vão ser certamente todas feitas sem olhar para o relógio. E isso retira toda a piada à piada.
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