06 março 2018

TRUMP E ARENA

Aquilo que vou escrever não passará de um mero processo de intenções mas, sempre me pareceu adivinhar, entre aqueles que neste último ano se têm evidenciado na defesa das atitudes de Donald Trump, especialmente cá em Portugal, um certo comportamento desafiador de quem abraça a causa mais para mostrar a coragem de desempenhar uma tarefa assumidamente ingrata, do que para prestar algum dever de coerência ou de consistência entre as opiniões próprias e as do visado. Assim como os forcados pegam os touros, esse género de defensores de Trump afrontam a pujança das críticas de uma opinião publicada que, sobretudo na Europa, é avassaladoramente crítica e nada condescendente para com o presidente dos Estados Unidos. Será uma forma de se ser simultaneamente valente e diferente. A minha opinião, mais intuitiva do que comprovada, reforçou-se mais recentemente quando se viram as reacções desses marialvas da argumentação às propostas proteccionistas de Donald Trump a respeito do comércio internacional do aço e do alumínio e das subsequentes bravatas que se lhe seguiram, como a declaração subsequente (acima) que as "guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar". Por esta vez, porque as declarações violam o axioma liberal do livre comércio, e para continuar com a metáfora tauromáquica, notou-se que o grupo de forcados - que normalmente navega por aquelas paragens ideológicas - se desalinhou por completo, o forcado da cara primou pela ausência, o primeiro e o segundo ajudas posicionaram-se em paralelo ao sentido da mais que previsível investida do touro mediático (e político) falhando a pega, e a tarefa de segurar as críticas acabou por recair nalguns infelizes rabejadores, o que deixou Trump desamparado em cena, por esta vez também nas redes sociais cá do sítio. O mais irónico nisto tudo, para não abandonarmos as metáforas tauromáquicas, é que, por muito que ouçamos falar das suas declarações, se Donald Trump fosse classificado como um touro de lide na praça, não passaria de um touro probón (aqueles que insistentemente movem a cabeça e dão sinal de investir, mas que nunca mais se decidem a fazê-lo) e isso mais uma vez se parece confirmar desta vez, quando o vemos a dispor-se a trocar as controversas taxas alfandegárias de há dias por aquilo que considere um bom acordo comercial no quadro da NAFTA.

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