A edição de 6 de Março de 1968 do Diário de Lisboa reservava as suas páginas centrais para destacar um inquérito que o jornal havia realizado junto de seis vultos da intelectualidade portuguesa em que estes opinavam sobre o Festival da Canção, que se realizara dois dias antes. Do maestro Jorge Costa Pinto ao poeta David Mourão-Ferreira ao guitarrista Carlos Paredes, os inquiridos mostravam-se unânimes na crítica à qualidade do concurso. No jornal, apreciara-se tanto a expressão inspirada que fora usada por Mourão-Ferreira (pungente mediocridade), que a recuperaram para o seu próprio título. Foi há precisamente cinquenta anos mas, sejam quais forem os anos que o Festival da Canção tenha de vida, são os mesmos anos de existência deste distanciamento desdenhoso, que apenas sofreu um intermezzo laudatório o ano passado pelas razões óbvias. É que ganhar um concurso, mesmo de canções de uma pungente mediocridade, só por ele ser internacional, muda muito as opiniões...
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