18 março 2018

O «ESTRANHO SABOR» DE SE VOTAR EM LIBERDADE

Hoje realizam-se eleições presidenciais na Rússia. Não há dúvidas: a reeleição de Putin está garantida e por uma esmagadora maioria. Na Rússia quase todos adoram Vladimir Putin. Dá-se a coincidência que, há precisamente 28 anos, a 18 de Março de 1990, os alemães orientais foram às urnas. Por acaso, nem era coisa nova, eles até já haviam ido às urnas por dez vezes, ao longo dos quarenta anos de existência da República Democrática Alemã. A novidade é que por aquela vez eles podiam votar em liberdade. E por essa essa vez, imagine-se, o Partido Comunista local, que ganhara de forma inequívoca todas as eleições precedentes, recebeu apenas 16,5% dos votos, vencendo em apenas meia dúzia de círculos eleitorais (acima, a roxo). Um exemplo oportuno para nos recordar que nunca se deve confundir o voto com a liberdade de voto. O primeiro, sem mais nada, pode não passar de um artifício para legitimar uma ditadura.

4 comentários:

  1. Aparentemente o conceito ajustasse: ao introduzir "livremente" um papel numa urna de voto sou livre.
    Não descurar os sistemas eleitorais onde quem tem mais de 1 milhão de votos que o seu oponente perde as eleições USA ou então os sistemas eleitorais criativos mais recentes veja-se Itália que 3 milhões de votos têm o destino do lixo.
    A frase do Churchill está gasta.

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  2. Se, a propósito da liberdade como decorrem as eleições, Churchill legou uma frase (ainda que gasta, na opinião do comentador), Lenine, Hitler e Estaline legaram um método de viciar eleições que, como se vê por este caso de Putin, parece não se "desgastar".

    E tanto menos se desgastará quando aparecerem comentadores como o supra Adelino, que prefere dispersar as atenções para o milhão de votos norte-americanos ou os três milhões de Itália, em vez de concentrar a sua atenção na forma como foram "votados" os 56 milhões que Putin acabou de receber. São mais dez milhões do que haviam sido nas últimas eleições e agora mais do que 3 em 4 russos querem o Putin!

    Uma pequena nota final: «Aparentemente o conceito ajusta-se » (e não ajustasse). A conjugação reflexa de um verbo não se pode confundir com a sua conjugação no pretérito imperfeito do conjuntivo. E torpedeia qualquer opinião começá-la por um erro gramatical de calibre...

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  3. Quanto ao "ajusta-se" tem o A.Teixeira muita razão; algum argumento poderia ser usado para não ser colocado no fim da "fila", mas a lição apenas deixa margem para o agradecimento.

    No que diz respeito à liberdade o meu conceito não se esgota em colocar um papel numa caixa com +ou- "liberdade"





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  4. Nem no texto original, nem no comentário, eu me refiro a limitações à liberdade.

    Do que se fala é de ELEIÇÕES em LIBERDADE, a LIBERDADE que, e aí sim, sou enfático, nunca existiu nos países comunistas e agora não existe na Rússia de Putin. Mais uma vez, e sobre isso em concreto, o silêncio do comentador é ribombante.

    Sem eleições livres, «as mais amplas liberdades democráticas» não passam de um chavão.

    E sim, tenho razão: gramatical e politicamente. Aquiescer sobre uma e esquecer-se de o fazer quanto à outra não muda a evidência.

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