27 de Março de 1975. A edição do Diário de Lisboa prestava uma atenção especial a um negócio que se acabara de fechar com a União Soviética que passava pela venda àquele país de 500 toneladas de amêndoa e de 155 mil hectolitros de vinho. Com uma pequena chamada na primeira página, o assunto era depois desenvolvido no interior. Apesar de se tratar de uma exportação como tantas outras, a que só havia a destacar o exótico de ter como destino a União Soviética, em qualquer das duas notícias, contudo, não se perdia de vista o que era o essencial, enfatizar que a União Soviética ia pagar pelos dois produtos preços superiores aos que eram praticados nos mercados internacionais. Não se escrevendo explicitamente, subentendia-se obviamente que era um favor que os soviéticos nos estavam a fazer, porque quer(er)iam ajudar a revolução portuguesa. Se a sociedade portuguesa e a imprensa filiada continuar a ser tão ingénua quanto o era há 43 anos, pode-se especular se não será em retribuição a essa generosidade de outrora que agora o governo português (ainda?) não expulsou nenhum diplomata russo.
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