29 julho 2015

O «POSEUR» DO MINISTRO MOREIRA DA SILVA

A minha maior dificuldade vai para o título a dar a este meu desabafo: porra nenhuma, ministro do bluff, ou qualquer outra forma de exprimir o meu cansaço para com discursos repletos de palavras e locuções que, parecendo soar bem, não têm qualquer significado quando escrutinados. Como um tal de programa da mobilidade sustentável para a administração pública 2015-2020 que ouvi esta manhã a ser impingido aos microfones da TSF pelo ministro Moreira da Silva e que, pela sua vacuidade, até merece a transcrição do trecho abaixo que se pode também ouvir aqui:
Moreira da Silva: - (...) Ninguém está a falar de boleias de funcionários públicos em carros do Estado nas deslocações para os locais de trabalho, isso é um disparate, claro que não! O que está em causa é que, a partir deste programa, o Estado, em vez de ter um determinado veículo atribuído a um determinado serviço ou a um determinado departamento, vai gerir a sua frota de uma forma partilhada como já acontece com várias empresas e, portanto, vai ter uma gestão partilhada dos veículos de modo a que se possam ter uma gestão mais eficiente desses veículos e não uma lógica rígida de atribuição de um determinado veículo a um determinado serviço.
Jornalista da TSF: - Mas o que é que significa exactamente essa partilha da frota?
Moreira da Silva: - Poder partilhar a frota. Em vez de ter os carros que estão parados durante uma boa parte do dia, teremos, portanto, uma gestão mais partilhada, numa pool de veículos. Em segundo lugar, uma redução das utilizações. E em terceiro lugar, uma substituição de veículos muito antigos (...)
Repare-se como a resposta do ministro nada esclarece a pergunta do jornalista. Será que com a partilha da frota, quando o estafeta lá do seu ministério, quanto tiver a mota a arranjar, pode levar o BMW série 7 do ministro para ir fazer um recadinho à São Caetano à Lapa? Seria a explicação com recurso a estas situações concretas que o auditório decerto compreenderia. Porque de programas etéreos, pretensamente visionários até ao ano 2020, da sua avaliação já estamos todos vacinados: quando se lá chega (a 2020) ou está tudo esquecido ou todos os fracassos já não têm responsáveis.
 
Nota: Tanto no francês original quanto em inglês, poseur (do título e da fotografia acima) refere-se a uma pessoa que assume uma atitude afectada, artificial e/ou pretensiosa.

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