Invoca-se o Adivinho não apenas por Alexis Tsipras ser, como o adivinho da história do Astérix, um político cheio de expediente: no meio das celebrações, alguém se quer recordar que, ainda há 6 dias, o mesmo Tsipras ainda admitia cancelar o referendo de hoje, caso certos pontos negociais fossem satisfeitos?... Invoco o Adivinho sobretudo por todos os magos da adivinhação que vi passar como comentadores pelos canais de televisão esta noite, com algumas azias disfarçadas, com algumas satisfações inconsequentes, com alguns golpes de rins de última hora (como os comunistas que, por cá se associaram ao resultado, enquanto por lá tinham votado contra o referendo e apelado ao voto nulo), com estafadas e previsíveis alusões à imagem da caixa de Pandora que se abre com os resultados e um discurso evasivo quanto às consequências para o futuro, não muito mais precisas que as previsões de Nostradamus, que já têm quase 500 anos, comprovando quanto o mester é intemporal.
Adenda: Alguém me sugeriu concretizar num exemplo o que acima descrevo. Assim
farei. Num painel da RTP Informação onde identifiquei Bernardo Pires de Lima e
Ana Gomes, dei com uma senhora loura que se esforçava para, numa mesma frase,
atribuir importância equivalente aos resultados do referendo cujo escrutínio
ainda decorria e a uma sondagem que, segundo ela, daria 69% de gregos a
pretender continuar no Euro. Por conveniência de raciocínio(?), estava a tentar
por em pé de igualdade as respostas dadas por uns milhares de pessoas e mais de
cinco milhões de eleitores...
Sem comentários:
Enviar um comentário